...na música, até o silêncio tem ritmo.

domingo, março 13, 2011

Momentos preciosos do primeiro CD de uma ótima cantora


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Vou dizer da minha surpresa. Farei digressões com as letras e com o que meus ouvidos guardaram do CD Tatiana Parra – Inteira (Borandá): onze faixas, onze momentos invulgares.
Tati é cantora de finas sutilezas. Com ela, Marcelo Mariano (baixo fretless e elétrico, um dos arranjos e produtor musical), Conrado Goys (guitarras, violões e um dos arranjos de base), Zé Godoy (piano acústico e teclados), Thiago “Big” Rabelo (bateria), Bruno Buarque (percussão), Teco Cardoso (flauta baixo e sax soprano), Cesar Camargo Mariano (piano e um dos arranjos), Toninho Ferragutti (acordeom), Andrés Beeuwsaert (piano acústico e quatro arranjos), Fernando Silva (cello), Victor Carrión (flauta), Aca Seca Trio (grupo vocal e instrumental argentino), Mariano Cantero (percussão), Barbatuques (arranjo e percussão corporal), Débora Gurgel (piano acústico e um dos arranjos) e Naylor “Proveta” Azevedo (clarinete). Três outros arranjos são coletivos.
Um: “Abrindo a Porta” (Pedro Altério e Pedro Viáfora) – abrir a porta e rever o presente, cantar o futuro. Ver através dela, escancarada, o cenário que, verdadeiro ou falso, será sempre do jeito que os olhos quiserem vê-lo.
Dois: “Bandeira” (Sérgio Santos e Paulo César Pinheiro) – mulher com ares de criança, em sua garganta flutua a força da voz talhada na madeira da árvore chamada Brasil.
Três: “Vento Bom” (André Mehmari e Sérgio Santos) – o canto chega como assovio vindo das nuvens, a voz amplificando o som que corre por um fio que a todos une.
Quatro: “Depois” (Tatiana Parra e Dani Gurgel) – o borrão disforme se deixa decifrar e reúne fragmentos da perplexidade com a cantoria vinda de não sei onde.
Cinco: “Oração” (Dani Black) – enquanto cuido de sobreviver, rezo para vê-la inteira e assim me fortalecer em sua luz, me iluminar em sua força.
Seis: “Choro das Águas” (Ivan Lins e Vitor Martins) – água que chega farta, lava os chãos, afaga a terra, desce a cordilheira e vai ao mar, fé que remove montanhas.
Sete: “Inteira” (Tatiana Parra e Giana Viscardi) – do ventre veio ao mundo a moça, inteira. Chegou com tamanha e inequívoca amplitude que parecia parida no além-amar.
Oito: “Amor de Parceria” (Noel Rosa) – o corpo é parceiro na lida, o batuque é o Barbatuques, corpos num sorriso a cada toque.
Nove: “1 Valsa Para 3” (Chico Pinheiro e Chico César) – abraçados, rodopiam no um, dois, três da valsa triste. Juntos, os três prenunciam o adeus.
Dez: “Testamento” (Nelson Ângelo e Milton Nascimento) – deixo a seus cuidados a garrafa, entregue-a ao mar. Nela estão meus sonhos para o futuro que não verei, posto que sou passado na crista das ondas.
Onze: “Sabiá” (Tom Jobim e Chico Buarque) – vou voltar, sei que ainda voltarei para fazer o que deixei infindo.
Assim ouvi o precioso Tatiana Parra – Inteira: a cada canção, ótima interpretação. A cada melodia, afinação segura. A cada ritmo, balanço certo. A cada música, traquejo profissional. Finda a audição, vontade de voltar ao início.


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