A música de um gênio
Aquiles Reis
Thiago Marques Luis produziu Uma flor para Nelson Cavaquinho – 100 anos (Lua Musica), que abre com “Quando Eu Me Chamar Saudade” (Nelson e Guilherme Brito). O cello toca; o violão e Alcione vêm para dar dramaticidade à obra.
“Palhaço” (Nelson, Oswaldo Martins e Washington). Violão e piano acompanham Leci Brandão. A dor dos versos amplia seu canto.
“Minha Festa” (Nelson e Guilherme). Emílio Santiago, com belos graves, realça o melodista Nelson Cavaquinho.
“Folhas Secas” (Nelson e Guilherme). Tânia Maria canta serena. A poesia ganha beleza. Sobre o improviso do trombone e do piano, tudo flui até os vocalizes de Tânia.
“A Mangueira Me Chama” (Nelson, José Ribeiro e Bernardo de Almeida Soares). Eis Beth Carvalho. Se o samba chama, ela vem. Definitiva.
“Degraus da Vida” (Nelson, César Brasil e Antônio Braga). Luiz Melodia canta o samba, um dos que mais expõem o lado desventurado do poeta da Mangueira.
“Luz Negra” (Nelson e Amâncio Cardoso) está com os graves de Arnaldo Antunes. Nelson é pop. Antunes sabe disso. O arranjo refaz o clássico.
“Se Você Me Ouvisse” (Nelson e Guilherme) tem Verônica Ferriani cantando o sofrimento em versos. Afinada como poucas, ela soa plena.
“Rugas” (Nelson, Augusto Garcez e Ari Monteiro). Benito de Paula e seu piano, cheio de quebradas, atenuam a tristeza.
“A Flor e o Espinho” (Nelson, Guilherme e Alcides Caminha). Ângela Ro Ro canta admiravelmente a obra-prima. O cello aguça a levada bossa nova.
O samba esquenta com Teresa Cristina cantando “Quero Alegria” (Nelson e Guilherme) e apresenta, digamos, um lado mais solar de Nelson Cavaquinho.
“Pranto de Poeta” (Nelson e Guilherme), cantado por Fabiana Cozza, acompanhada apenas por violão, é de arrepiar.
Cello e bateria recriam a trágica atmosfera de “Luto” (Nelson, Guilherme e Sebastião Nunes). O angustiado pedido do poeta é feito notavelmente pela pouco conhecida Milena.
“Ninho Desfeito” (Nelson e Wilson Canegal). O piano e a voz de Cida Moreira são dignos intérpretes de Nelson Cavaquinho. A emoção avassala a dor da despedida.
Zezé Motta canta “Beija-Flor” (Nelson, Noel Silva e Augusto Thomaz Júnior).
O cavaco e o ritmo começam. Diogo Nogueira canta “Cuidado Com a Outra” (Nelson e Augusto Thomaz Júnior) e acentua a picardia dos versos.
Com direito a intermezzo de sax e muita percussão, Graça Braga canta “Fora do Baralho” (Nelson, José Ribeiro e Antônio Gomes Faria).
“A Vida” (Nelson e Guilherme), na voz de Rita Ribeiro, só com violões, é definitiva demonstração do valor tanto do compositor quanto da cantora.
Marcos Sacramento arrasa em “Dona Carola” (Nelson, Nourival Bahia e Walto Feitosa. O suingue contagiante o eleva ao patamar dos bambas do samba.
“Duas Horas da Manhã” (Nelson e Ari Monteiro), por Filipe Catto e sua voz surpreendente, tem bela versão carregada de criatividade.
Zeca Baleiro fecha o CD com “Juízo Final” (Nelson e Élcio Soares), obra definitiva de Nelson Cavaquinho, gênio nascido há 100 anos. Saudades.
Obrigada por estar aqui dividindo essas preciosidades, Aquiles!
ResponderExcluirBelvedere