Inesquecíveis canções
Aquiles Reis
Quem é José Antônio de Freitas Mucci, compositor mineiro de Ponte Nova? Não ligou o nome à pessoa? Vou ajudar: quem é Tunai? Agora caiu a ficha, né?! Pois é, ele e Sérgio Natureza, parceiro/letrista mais presente em seu trabalho, criaram sucessos que ganharam vida com interpretações do próprio Tunai, além de inúmeros intérpretes – a começar por Fafá de Belém, que gravou “Se Eu Disser” em 1978, e por Elis Regina, que registrou “As Aparências Enganam” em 1979.
Tunai acaba de lançar Eternamente (MZA Music), com dezessete músicas, sendo catorze sucessos e três inéditas. Dentre as conhecidas, “Certas Canções”, de Tunai e Milton Nascimento (“Certas canções que ouço/ Cabem tão dentro de mim/ Que perguntar carece/ Como não fui eu que fiz”) tem especiais participações, no vocal, do próprio Milton Nascimento; ao piano, de Wagner Tiso, que compartilha a responsabilidade dos arranjos do CD com Tunai; além de reunir o baixo de Luiz Alves, a percussão e a bateria de Robertinho Silva (os quatro citados, cabe lembrar, integrantes do lendário Clube da Esquina), além do sax de Carlos Malta. Levado em samba, o suingue da música se renova e assume a modernidade que os instrumentistas acendem, dando o seu melhor. Milton brilha como se a cantasse pela primeira vez. Seu dueto com Tunai é papa fina.
“Frisson”, de Tunai e Sérgio Natureza (“Você caiu do céu/ Um anjo lindo que apareceu/ Com olhos de cristal/ Eu nunca vi nada igual”), conta com as vozes de Patrícia Mellodi e de Dodô Moraes, com o violão de Tunai, a bateria de Bruno Felga (também produtor artístico do CD), o piano de Thiago Amorim, a percussão de Don Chacal e o baixo de Francisco Falcon. Ainda que fiel ao estilo composicional de Tunai, eis outra interpretação instrumental que dá cara nova ao baita sucesso.
A bateria de Jurim Moreira e o sax de Chico Amaral iniciam “Eternamente”, de Tunai, Sérgio Natureza e Liliane. Zélia Duncan se delicia cantando “Só mesmo o tempo pode revelar/ Inesquecíveis sensações”, e a canção volta à memória afetiva de quem nunca a esqueceu. O violão toca bom intermezzo. O sax arrasa e finda.
O violão de Tunai puxa a harmonia de “As Aparências Enganam”, dele e Sérgio Natureza. A bateria vem com Robertinho Silva. O piano, com Wagner Tiso. Tunai canta com a voz da alma, certo de que tudo é belamente seu. Milton Nascimento entoa: “Não há mais nada pra se fazer/ Senão chorar sob o cobertor”, e chama Simone, que se junta ao canto: “As aparências enganam/ Aos que gelam e aos que inflamam”.
E tem mais: “Olhos do Coração”, participação de Jane Duboc, e “Blues Afins”, ambas de Tunai e Natureza; “Rádio Experiência” (Tunai e Milton Nascimento), com participações de Milton, Jorge Vercillo e do radialista Fernando Mansur.
Com a marca registrada do íntegro fazedor de sucessos que é Tunai, Eternamente é um CD regiamente protegido por mixagem que dá clareza ao som, revigora-o e refaz seu brilho passado, lançando-o ao futuro que é hoje.
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